sábado, 30 de março de 2019

31 DE MARÇO NÃO É DIA DE COMEMORAR E SIM DE LEMBRAR


O Brasil é um país que tem trinta e quatro anos de democracia, tendo ainda muitas fragilidades que volta e meia tem sua importância ameaçada por determinados tipos de ideologias, seja através de partidos que assumem o governo federal ou seja pelos tipos de pessoas que assumem o Judiciário e o Legislativo nas diferentes estruturas do país.

Foto: Top Mídia

Vale fazer memória que a nossa nação teve um período conhecido como “Era de Chumbo”, que era para ser um governo provisório e acabou se tornando um período de vinte e um anos. Esse período de regime militar aconteceu por meio de um golpe que altas instâncias das Forças Armadas, lideradas pelo General Castelo Branco, entre outras personalidades militares e civis da época, deram ao país tirando, de forma forçada, o presidente João Goulart, também conhecido por Jango, do poder.

A classe militar não aceita que se diga que o Golpe Cívico-Militar se deu no dia um de abril, por esta data ser conhecida como o “Dia dos Bobos” ou o “Dia da Mentira”, já que os praças das Forças Armadas Brasileira agiram durante a madrugada do dia primeiro de abril. Situação que tomou o país cedo da manhã quando o povo acordou com a notícia de que Jango havia sido desposto de suas funções presidenciais e que daquele momento em diante os militares haviam tomado o poder e estavam dando sequencia em relação a estratégia de continuidade de golpe por todo o território nacional. O governo que era para ser provisório, tornou-se um governo ditatorial tendo sua durabilidade até o ano de mil novecentos e oitenta e cinco.

No ano de dois mil e onze, vinte e oito anos após o término do período ditatorial brasileiro, foi instaurado em Brasília, a Comissão Nacional da Verdade, que junto ao Ministério da Justiça na época tinha como missão investigar violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988 no Brasil. Escutando muitos relatos, analisando documentos e acompanhando ações essa comissão trouxe a tona o que já se sabia: os desaparecimentos políticos e demais espaços que ocorreram nada mais foi que a ação de práticas violentas que feriram a Lei Internacional dos Direitos Humanos na qual conduziram, de forma coercitiva, pessoas para os porões do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) para que sofressem os piores tipos de tortura física e psicológica, onde poucas saíram vivas e a maioria das pessoas que lá estiveram foram assassinadas.

Por estas e outras razões devemos compreender, enquanto historiadores e historiadoras que somos, que o dia 31 de março de 2019 não é dia de celebração e sim dia de clamar por justiça em prol de tantas pessoas desaparecidas na época da Ditadura Cívico-Militar no país.

Equipe Novos Historiadores e Historiadoras do Brasil
Brasil, 31 de março de 2019

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

CEM ANOS DA REVOLUÇÃO RUSSA

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Site Lit-Ci (Liga Internacional de los Trabajadores Cuarta Internacional

        O ano de 1917 foi de um importante acontecimento político para a Rússia, sendo um ano de uma série de eventos políticos no país que ocasionou nesse evento histórico que após a eliminação da autocracia russa e depois do Governo Provisório (Duma), resultou no estabelecimento do poder soviético sob o controle do partido bolchevique. Assim sendo criou-se a União Soviética, que durou até o ano de 1991.

            No começo do século XX, a Rússia era um país de economia atrasada e dependente da agricultura, pois 80% de sua economia estava concentrada no campo (produção de gêneros agrícolas).
Os trabalhadores rurais viviam em extrema miséria e pobreza, pagando altos impostos para manter a base do sistema czarista de Nicolau II. O czar governava a Rússia de forma absolutista, ou seja, concentrava poderes em suas mãos não abrindo espaço para a democracia. Mesmo os trabalhadores urbanos, que desfrutavam os poucos empregos da fraca indústria russa, viviam descontentes com o governo do czar.

            No ano de 1905, Nicolau II mostra a cara violenta e repressiva de seu governo. No conhecido Domingo Sangrento, manda seu exército fuzilar milhares de manifestantes. Marinheiros do encouraçado Potenkim também foram reprimidos pelo czar.
Começava então a formação dos sovietes (organização de trabalhadores russos) sob a liderança de Lênin. Os bolcheviques começavam a preparar a revolução socialista na Rússia e a queda da monarquia.

               A revolução compreendeu duas fases distintas:
  • A Revolução de Fevereiro de 1917 (março de 1917, pelo calendário ocidental), que derrubou a autocracia do Czar Nicolau II da Rússia, o último Czar a governar, e procurou estabelecer em seu lugar uma república de cunho liberal.
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Nicolau II, o último czar de todas as Rússias (1895-1917), site Infopédia
  • A Revolução de Outubro (novembro de 1917, pelo calendário ocidental), na qual o Partido Bolchevique, liderado por Vladimir Lênin, derrubou o governo provisório e impôs o governo socialista soviético.
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Lênin discursa para o povo em 1917, durante a Revolução, site A Nova Democracia

               O Governo Provisório iniciou de imediato diversas reformas liberais, inclusive a extinção da corporação policial e sua substituição por uma milícia popular. Mas os líderes bolcheviques, entre os quais estava Lenin, formaram os Sovietes (Conselhos) em Petrogrado e outras cidades, estabelecendo o que a historiografia, posteriormente, registraria como ‘duplo poder’: o Governo Provisório e os Sovietes.

           Lenin foi o primeiro dirigente da URRS. Liderou os bolcheviques quando estes tomaram o poder do governo provisório russo, após a Revolução de Outubro de 1917 (esta sublevação ocorreu em 6 e 7 de novembro, segundo o calendário adotado em 1918; em conformidade com o calendário juliano, adotado na Rússia naquela época, a revolução eclodiu em outubro). Lenin acreditava que a revolução provocaria rebeliões socialistas em outros países do Ocidente.

          Ao expor as chamadas "Teses de Abril", Lenin declarou que os bolcheviques não apoiariam o Governo Provisório, e pediu a união dos soldados numa frente que viesse pôr fim à guerra imperialista, a Primeira Guerra Mundial, e iniciasse a revolução proletária, em escala internacional, ideia que seria fortalecida com a propaganda de Leon Trotski. Enquanto isso, Alexandre Kerenski buscava fortalecer a moral das tropas.

              No Congresso de Sovietes de toda a Rússia, realizado em 16 de junho, foi criado um órgão central para a organização dos Sovietes: o Comitê Executivo Central dos Sovietes que organizou, em Petrogrado, uma enorme manifestação, como demonstração de força. 

                  Ao saber que seria acusado de ser um agente um agente a serviço da Alemanha pelo Governo, Lenin fugiu para a Finlândia onde começou a organizar uma rebelião armada.

            Então Trotski, presidente do Soviete de Petrogrado, formou um Comitê Militar Revolucionário convencendo Lenin de que a rebelião deveria coincidir com o II Congresso dos Sovietes, que havia sido convocado para o dia 07 de novembro, onde seria declarado que o poder estava sob o domínio dos Sovietes. Na noite anterior a Guarda Vermelha ocupara as principais praças da capital, em seguida adentrando o Palácio de Inverno onde prenderam os ministros do Governo Provisório, mesmo assim Kerenski conseguiu escapar.

       A nova estrutura governamental ficou reservado ao Congresso dos Sovietes de toda a Rússia, tendo o cumprimento das decisões aprovadas no Congresso a cargo do Soviete dos Comissários do Povo, primeiro Governo Operário e Camponês, que teria caráter temporário, até a convocação de uma Assembleia Constituinte. Lênin foi eleito presidente do Soviete, onde Trotski era comissário do povo e ministro das Relações Exteriores e, Stalin, das Nacionalidades.

            O novo governo pôs fim à participação da Rússia na I Guerra Mundial, através do acordo de Paz de Brest-Litovsk assinado em 3 de março de 1918. O acordo provocou novas rebeliões internas que terminariam em 1920, quando o Exército Vermelho derrotou o desorganizado e impopular Exército Branco antibolchevique.
Lenin e o Partido Comunista Russo, nome dado, em 1918, à formação política integrada pelos bolcheviques do antigo POSDR, assumiram o controle do país. Em 30 de dezembro de 1922, foi oficialmente constituída a União de Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e a ela se uniriam os territórios étnicos do antigo império russo.


Fontes

Só História
Link do site: http://www.sohistoria.com.br/ef2/revolucaorussa/p1.php

História do Mundo
Link do site: http://historiadomundo.uol.com.br/idade-contemporanea/revolucao-russa.htm

Equipe Novos Historiadores do Brasil
novoshistoriadores@gmail.com

AS BRUXAS, OS SANTOS E OS MORTOS


                  

         Acabamos de passar por três dias de celebrações de datas bem marcantes na cultura da humanidade, pois estivemos celebrando o Dia das Bruxas (Halloween Day) no dia 31 de outubro, Dia de Todos os Santos no dia 01 de novembro e o Dia de Finados no dia 02 de novembro.

       No caso do Halloween, desde muito tempo, a festividade acontece um dia antes da “festa de todos os santos” e, por isso, tem seu nome inspirado na expressão "All hallow's eve", que significa a “véspera de todos os santos”. Pelo fato do 1° de novembro estar cercado de um valor sagrado e extremamente positivo, os celtas, antigo povo que habitava as Ilhas Britânicas, acreditavam que o mundo seria ameaçado na véspera do evento pela ação de terríveis demônios e fantasmas. Dessa forma, o “Halloween” nasce como uma preocupação simbólica onde a festa cercada por figuras estranhas e bizarras teria o objetivo de afastar a influência dos maus espíritos que ameaçariam suas colheitas.
A festa ou solenidade do dia de Todos-os-Santos é celebrada em honra de todos os santos e mártires, conhecidos ou não. Esta festa é celebrada pelos crentes de muitas das igrejas de religiões cristãs.

           A Igreja Católica celebra a “Festum Omnium Sanctorum (Festa de Todos-os-Santos) a 01 de novembro que é seguido pelo “Dia dos Fiéis Defuntos” a 02 de novembro. A Igreja Ortodoxa celebra esta festividade no primeiro domingo depois do Pentecoste, fechando a época litúrgica da Páscoa, tal como a Igreja Católica Oriental. A Igreja Anglicana também celebra o dia de Todos os Santos com o mesmo significado que nas Igrejas Católicas e Ortodoxa. Na Igreja Luterana, o dia é celebrado principalmente para lembrar que todas as pessoas batizadas são santas e também aquelas pessoas que faleceram no ano que passou, pelo que o significado da celebração também é quase idêntico ao de outras igrejas cristãs.

        No dia 02 de novembro, na maior parte dos países ocidentais, ocorre um dos mais importantes rituais religiosos da tradição cristã católica, isto é, o Dia de Finados. Essa data tem por objetivo principal relembrar a memória dos mortos, dos entes queridos que já se foram, bem como (para os católicos) rezar pela alma deles. O Dia de Finados era conhecido na Idade Média como “Dia de todas as Almas”, dia esse que sucedia o “Dia de todos os Santos” (comemorado no dia 1º de novembro). Desde a época do cristianismo primitivo, que se desenvolveu sob as ruínas do Império Romano, que os cristãos rezavam por seus mortos, em especial pelos mártires, onde estes eram frequentemente enterrados: nas catacumbas subterrâneas da cidade de Roma. O costume de rezar pelos mortos foi sendo introduzido paulatinamente na liturgia (conjunto de rituais que são executados ao longo do ano) da Igreja Católica. O principal responsável pela instituição de uma data específica dedicada à alma dos mortos foi o monge beneditino Odilo (ou Odilon) de Cluny.

Jéferson Cristian Guterres de Carvalho
Historiador e colaborador do blog Novos Historiadores do Brasil
Assessor leigo da Pastoral da Juventude do Vicariato Episcopal de Canoas

Site Brasil Escola, acessado no dia 03 de novembro de 2016, às 11:46 h, pelo link http://brasilescola.uol.com.br/halloween/historia-halloween.htm

Site Catoliscismo Romano, acessado no dia 03 de novembro de 2016, às 12:08 h, pelo link http://www.catolicismoromano.com.br/content/view/577/29/

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

FÓRUM SOCIAL TEMÁTICO 2016


Hoje, dia 19 de janeiro de 2016, é a abertura oficial de um dos maiores eventos sociais da América Latina: o Fórum Social Temático, que tem como tema “Paz e Democracia: Direitos dos Povos e do Planeta”. Uma atividade que serve de preparação para o Fórum Social Mundial, que nesse ano chega em sua 15ª edição, no qual será realizado no mês de agosto no Canadá. O Fórum Social Mundial (FSM) é um evento mundial organizado por movimentos sociais de muitos continentes, com objetivo de elaborar alternativas para uma transformação social global. Seu slogan é “Um outro mundo é possível”. O número de participantes tem crescido nas sucessivas edições do Fórum: de 10 000 a 15 000 no primeiro fórum, em 2001, a cerca de 120 000 em 2009, com predominância de europeus, norte-americanos e latino-americanos, exceto em 2004, quando o evento foi realizado na Índia.

O FSM foi criado no ano de 2001 como sendo um contraponto ao Fórum Econômico Mundial, realizado no mesmo ano em Davos, na Suíça, atividade essa que conta com a representação de chefes de estado de cada país para debaterem sobre política internacional, desenvolvimento mundial, finanças, entre outros assuntos de interesse internacional. Sendo realizado várias vezes (em 2001, 2002, 2003, 2004 e 2005), no Brasil, na cidade de Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul. Em 2004 foi na Índia; em 2006, de forma descentralizada, em Nairobi e em 2007 no Quênia. A nona edição do Fórum novamente teve lugar no Brasil, em Belém, capital do Estado do Pará. O empresário israelense, naturalizado brasileiro, Oded Grajew, é geralmente considerado como o principal idealizador do FSM.

Após o FSM ser retirado de Porto Alegre, sendo realizado em outros países, os movimentos sociais do Rio Grande do Sul, com a contribuição de organizações e movimentos sociais de outros estados e até de fora do país, é criado o Fórum Social Temático. É um evento de proporções menores, mas com o mesmo caráter do FSM, que tem como objetivo incentivar o debate sobre a conjuntura política, social, cultura e econômica do mundo através do olhar das pessoas que no dia-a-dia estão diretamente nas bases enfrentando os problemas e tentando partilhar essas experiências. O FST propõe temáticas que depois são levadas para o Fórum Social Mundial.

Nesse ano de 2016 o Fórum Social Temático ocorre de 19 à 23 de janeiro, no município de Porto Alegre, com aproximadamente mil atividades e com uma enorme variedades de assuntos a serem debatidos. Entre as personalidades sociais estão o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, o músico Tico Santa Cruz, o teólogo Leonardo Boff, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos e dentre muitos outros e outras.

Para maiores informações sobre esse grandioso e importante evento acesse o site oficial do Fórum Social Temático pelo link http://forumsocialportoalegre.org.br/.




Fonte: site Fórum Social Porto Alegre.


Equipe Novos Historiadores do Brasil

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sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

O PRESÉPIO DE NATAL


                Um dos maiores símbolos de Natal, sem dúvida alguma, é o presépio. São as imagens colocadas junto ao pinheiro, representando o nascimento de Jesus Cristo, conforme está escrita na Bíblia cristã. Suas peças são feitas de materiais variados, dependendo da criatividade de quem o monta. Uns utilizam de madeira, outros de lixo reciclável, também de gesso, etc. O tamanho também pode variar, pois tem locais que se coloca miniaturas e outros que fazem em tamanho real, dependendo do espaço físico que se tem.

             De acordo com fontes históricas, o primeiro presépio foi montado por São Francisco de Assis no Natal de 1223. O frade católico, montou o presépio em argila na floresta de Greccio (comuna italiana da região do Lácio). Sua ideia era montar o presépio para explicar as pessoas mais simples o significado e como foi o nascimento de Jesus Cristo. No século XVIII, a tradição de montar o presépio, dentro das casas das famílias, se popularizou pela Europa e, logo em seguida, por outras regiões do mundo.

                  É tradição em várias regiões do mundo a montagem do presépio na época de Natal. Os presépios podem várias em tamanho e materiais usados. Existem presépios minúsculos e outros em tamanho real. As peças podem ser feitas de madeira, argila, metal ou outros materiais. O mais comum, atualmente, é a montagem dentro das casas das famílias cristãs. Porém, encontramos também presépios em lojas, empresas, praças, escolas e outros locais públicos.

Peças do presépio (personagens representados)

- Menino Jesus (filho de Deus e o Salvador)

- Virgem Maria (mãe de Jesus Cristo)

- José (pai de Jesus Cristo)

- Manjedoura com palhas em um curral (local onde nasceu Jesus)

- Burro e Boi ou ovelhas (animais do curral, representam a simplicidade do local onde Jesus nasceu)

- Anjos (responsáveis por anunciar a chegada de Jesus)

- Estrela de Belém (orientou os reis Magos quando Jesus nasceu)

- Pastores (representam a simplicidade das pessoas do local em que Jesus nasceu)

- Reis Magos (Melquior, Baltazar e Gaspar).

          Também o presépio, na atualidade, é frequente ver representações de pessoas interpretando os personagens bíblicos para passar às demais pessoas a representação dessa crença cristã. Observamos com maior frequência esse tipo de representação nas igrejas cristãs, que na noite da véspera de Natal fazem suas celebrações religiosas em homenagem as suas tradições.


Fonte: Sua Pesquisa.com, pelo link http://www.suapesquisa.com/natal/presepio_natal.htm, acessado no dia 25 de dezembro de 2015.

Equipe Novos Historiadores do Brasil

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terça-feira, 8 de dezembro de 2015

2015 RELEMBRA OS 60 ANOS DA ATITUDE DE ROSA PARKS


      No dia 01 de dezembro de 1955, no município de Montgomery, na capital do Alabama nos Estados Unidos, Rosa Parks sentou-se nos primeiros acentos do ônibus, após o dia de trabalho, para descansar enquanto ia para sua casa. Naquela época, as primeiras fileiras de acentos eram designados somente para homens e mulheres com a cor de pele branca.

         Quando o motorista – branco – exigiu que ela e outros três negros se levantassem para dar lugar a brancos que haviam entrado no ônibus, Parks se negou a cumprir a ordem. Ela continuou sentada e, por isso, foi detida e levada para a prisão.

         O protesto silencioso de Rosa Parks propagou-se rapidamente. O Conselho Político Feminino organizou, a partir daí, um boicote de ônibus urbanos, como medida de protesto contra a discriminação racial no país. Martin Luther King Jr. foi um dos que apoiaram a ação. O ativista e músico Harry Belafonte lembra-se como sua vida mudou, após o dia em que King o chamou por telefone para pedir apoio à ação da mulher que ficou conhecida como a "mãe dos movimentos pelos direitos civis" nos EUA.

        "A atitude de Rosa Parks nos permitiu reagir contra as pressões política e social que caracterizavam nossa sociedade. Quando King me telefonou, me chamando para um encontro, comecei, pela primeira vez, a lutar oficialmente por essa causa. Quando nós nos vimos e falamos sobre seus planos, percebi que a partir dali eu me engajaria no movimento liderado por ele e Rosa Parks. Foi um momento muito importante", lembrou Belafonte.

        Poucos dias depois da atitude espontânea de Parks, milhares de negros se recusaram a tomar ônibus a caminho do trabalho. Enquanto as empresas de transporte coletivo começaram a ter prejuízos cada vez maiores, os negros andavam – caminhando muitas vezes vários quilômetros – acenando e cantando pelas ruas, sendo também frequentemente xingados e agredidos por brancos.

Fonte: DW Made For Minds, acessado pelo link http://www.dw.com/pt/1955-rosa-parks-se-recusa-a-ceder-lugar-a-um-branco-nos-eua/a-340929, acessado no dia 08 de dezembro de 2015.

Equipe Novos Historiadores do Brasil
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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

DA FOLHA DE PAPEL PARA A REALIDADE


Nas folhas de papel da prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) os candidatos e as candidatas que prestaram o exame no final de semana nos dias 25 e 26 de outubro de 2015 foram desafiados e desafiadas a refletir sobre o tema “A persistência da violência contra a mulher” a partir de uma passagem da obra “O Segundo Sexo”, do ano de 1949, da filosofa e escritora Simone de Beauvoir, um dos símbolos do feminismo mundial, atual fato que repercutiu em constantes polêmicas pelas redes sociais e rodas de conversa pelo Brasil. Mas o que era apenas um tema de redação em uma prova nos remete a perceber que a realidade é mais dura e que as mulheres, mesmo com suas importantes lutas históricas, ainda continuam sendo alvo de violência, seja ela de qualquer natureza.

Pessoas que não concordam com o ponto de vista da escritora se escandalizaram ao ter essa temática sendo proposta durante uma prova, isso também despertou o radicalismo de políticos que se manifestaram contrários com a abordagem da redação insistindo que o Ministério da Educação estava tentando doutrinar as pessoas com uma ideologia feminista e que a autora em questão não era uma pessoa que compreendia a biologia do ser humano ao retratar em sua obra que "Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino". Tal fato trouxe à tona em nosso país algo que não é atual, mas que estava “mascarado” na sociedade brasileira: o preconceito à mulher, conhecido por todos e todas como machismo. Mas com isso não tivemos apenas a exposição de preconceito contra a mulher, mas também contra as negras através do preconceito étnico e contra todas as classificações que temos relacionadas a imagem de feminilidade, como transexuais, travestis e gays. Algo que vem sendo um fator histórico que vem se repetindo desde as eras passadas da nossa sociedade, no qual as mulheres serviam apenas como “objeto” sexual para procriação e de afazeres domésticos nos lares de famílias e se fossem tentar a vida fora de casa na maioria das vezes seria através da prostituição de seu corpo.


Nem mesmo as personalidades artísticas estão escapando dessa “onda” de violência que vem assolando o mundo virtual, tendo sua intimidade e sua etnia desrespeitada através de vídeos agressivos, ameaças e imagens espalhadas pelas redes sociais. Nem mesmo a presidente da república, senadoras, deputadas e vereadoras estão de fora de tudo isso, pois tivemos há meses atrás pessoas colocando em seus veículos adesivos com imagem da presidente em postura não conveniente e também deputada federal sendo agredida verbalmente com a fala “Feia desse jeito a senhora não merece nem ser estuprada”, como se alguém merecesse sofrer por esse tipo de violência da imaculação do corpo humano. E no Rio Grande do Sul, especificamente no município de Porto Alegre, durante uma apresentação na feira de livros com temáticas feministas, alternativa à Feira do Livro de Porto Alegre, mulheres foram agredidas por policiais que utilizaram de força desnecessária contra as presentes no evento. As mulheres sempre foram “seres” relacionados ao pecado pelas religiões, de uso sexual pela sociedade e de imagem na política e na cultura da maioria dos povos que temos espalhados pelo mundo.

        Não podemos mais, em pleno século XXI, que continue tendo no nosso planeta uma propagação de cultura na qual a mulher venha a ser ainda uma pessoa que não faz parte da sociedade e que vem a servir apenas como “dona do lar”, a “mamãe do ano”, como se os homens também não tivesse que ter parte na educação dos filhos e das filhas, ou como profissionais que não devam ter os mesmos direitos e deveres no mercado de trabalho que os homens. Pois se é para se voltar o olhar para alguma religião ou cultura percebe-se que independente do gênero, da classificação, denominação e/ou orientação feminina uma pessoa completa a outra e vice-versa.


Jéferson Cristian Guterres de Carvalho
Graduando em bacharel em História
Universidade Luterana do Brasil - campus Canoas