O
Brasil é um país que tem trinta e quatro anos de democracia, tendo ainda muitas
fragilidades que volta e meia tem sua importância ameaçada por determinados
tipos de ideologias, seja através de partidos que assumem o governo federal ou seja
pelos tipos de pessoas que assumem o Judiciário e o Legislativo nas diferentes
estruturas do país.
Vale
fazer memória que a nossa nação teve um período conhecido como “Era de Chumbo”,
que era para ser um governo provisório e acabou se tornando um período de vinte
e um anos. Esse período de regime militar aconteceu por meio de um golpe que
altas instâncias das Forças Armadas, lideradas pelo General Castelo Branco, entre
outras personalidades militares e civis da época, deram ao país tirando, de
forma forçada, o presidente João Goulart, também conhecido por Jango, do poder.
A
classe militar não aceita que se diga que o Golpe Cívico-Militar se deu no dia
um de abril, por esta data ser conhecida como o “Dia dos Bobos” ou o “Dia da
Mentira”, já que os praças das Forças Armadas Brasileira agiram durante a
madrugada do dia primeiro de abril. Situação que tomou o país cedo da manhã quando
o povo acordou com a notícia de que Jango havia sido desposto de suas funções
presidenciais e que daquele momento em diante os militares haviam tomado o
poder e estavam dando sequencia em relação a estratégia de continuidade de
golpe por todo o território nacional. O governo que era para ser provisório,
tornou-se um governo ditatorial tendo sua durabilidade até o ano de mil novecentos
e oitenta e cinco.
No
ano de dois mil e onze, vinte e oito anos após o término do período ditatorial
brasileiro, foi instaurado em Brasília, a Comissão Nacional da Verdade, que
junto ao Ministério da Justiça na época tinha como missão investigar violações
de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988 no Brasil. Escutando muitos
relatos, analisando documentos e acompanhando ações essa comissão trouxe a tona
o que já se sabia: os desaparecimentos políticos e demais espaços que ocorreram
nada mais foi que a ação de práticas violentas que feriram a Lei Internacional
dos Direitos Humanos na qual conduziram, de forma coercitiva, pessoas para os
porões do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) para que sofressem os
piores tipos de tortura física e psicológica, onde poucas saíram vivas e a
maioria das pessoas que lá estiveram foram assassinadas.
Por
estas e outras razões devemos compreender, enquanto historiadores e
historiadoras que somos, que o dia 31 de março de 2019 não é dia de celebração
e sim dia de clamar por justiça em prol de tantas pessoas desaparecidas na
época da Ditadura Cívico-Militar no país.
Equipe Novos Historiadores e Historiadoras
do Brasil
Brasil, 31 de março de 2019