quinta-feira, 3 de julho de 2014

MADAGASCAR: UM RESUMO DA HISTÓRIA DO PAÍS

           

              Este artigo se propõe a apresentar de forma sintética a história de Madagascar e alguns aspectos relevantes de sua geografia e sua biodiversidade; além de fazer uma contextualização de um período, no qual a França, por várias décadas, dominou a Ilha.
             Madagascar é uma IIha que se localiza no oceano Índico, próximo ao Continente Africano. O que separa o país do continente é o canal de Moçambique; a ilha também fica próximo às ilhas Mauricio.
             Os primeiros habitantes de Madagascar vieram da África e da Indonésia há cerca de dois mil anos, mas apenas em 900 A.C que mercadores africanos começaram a usar a costa norte para seus negócios. Os europeus chegaram à ilha com o capitão Diogo Dias que servia a Portugal, isso ocorreu porque este se enganou imaginou que estava chegando na Índia, o capital batizou a ilha de St. Lawrence.
            Nos anos que se seguiram, portugueses, franceses, ingleses, holandeses tentaram em vão estabelecer pontos comerciais na ilha; o motivo das falhas, foram os conflitos com os guerreiros Malagasy esses nativos contavam com o conhecimento geográfico da ilha que para os europeus parecia muito hostil.
            No final do século XVII, os piratas conseguiram, após varias investidas, entrar em Madagascar, e usavam esse ponto estratégico, para atacar navios que iam para a Europa, levando mercadoria da Índia.
No século XVIII, os franceses tentaram estabelecer pontos comerciais na costa leste sem sucesso. Do outro lado da Ilha, formava-se o primeiro reino de Madagascar: o Reino de Merina que dominava quase toda a ilha. Em 1810, o rei Radama I abriu as portas da Ilha para os britânicos e permitiu que missionários cristãos evangelizassem o lugar e estabelecessem pontos comerciais.


Após a morte de Radama, sua esposa assumiu o governo; reinou durante 33 anos, exercendo uma política de opressão, perseguindo cristãos e eliminando rivais políticos. Ela restaurou a tradição de sacrificar crianças nascidas em dias de má sorte e cortou relações com os ingleses.  Com a sua morte, Madagascar reabriu as relações com os europeus.
A França invadiu o lugar no ano de 1833. Em menos de 15 anos, o controle Francês na Ilha era total, e Madagascar se tornou colônia francesa. A principal utilidade que a França via para Madagascar era a extração das reservas naturais sem nem um tipo de investimento. Os principais produtos extraídos da iIha eram madeira e baunilha. A população da Ilha tentou se rebelar duas vezes do domínio Francês, em 1918 e 1947, mas a independência veio apenas, em 1960, mais, especificamente, em 26 de junho.
Essa luta de Madagascar por sua independência mostrou claramente o processo geopolítico que ocorria entre os dois países: Madagascar buscava se libertar do domínio da França e, por outro lado, este país lutava por manter seu domínio na IIha.
O resultado dessa disputa interferiu na geografia política da França que com a perda de sua colônia, além da perder do território, perdeu uma região rica em recursos naturais e biodiversidade.
Após a independência o país estava sob o comando do presidente Philibert Tsiranana que manteve um regime parlamentarista. Em 1972, sob a liderança militar do general Ramamantsoa, instalou-se um governo militar que, um ano depois, exigiu a saída das tropas francesas do país.
Em 1975, outro ditador entrou em cena: Didier Ratsiraka assumiu o poder, onde instalou um governo com orientação socialista. Em 1982, o país recorreu ao FMI, devido a uma crise econômica, deixando assim a ideologia socialista. Seu governo durou até ano de 1991, sendo deposto graças a outra crise econômica que assolou o país.
Em 1992, assumiu a presidência democraticamente Albert Zafy, governando sem agitações sociais de grande relevância.
Didier Ratsiraka retornou ao poder em 1997. Eleito democraticamente, governou até o ano de 2001, quando perdeu a eleição para Marc Ravalomanana que se elegeu com a promessa de democratizar ainda mais o país.  Embora derrotado democraticamente, Didier Ratsiraka não aceitou o resultado.
 Naquele momento, eclodiu em todo o país conflitos entre os apoiadores dos candidatos. No mesmo ano houve a recontagem dos votos que confirmou novamente a vitória a Marc Ravalomanana. Didier Ratsiraka não aceitou a vitoria do adversário, exilando-se na França, Em 2003, mesmo exilado foi condenado a 10 anos de serviços forçados, devido ao mau uso da verba pública no tempo que governou o país.
Em 2006, ocorreram eleições democráticas, e Marc Ravalomanana foi reeleito. Em Abril do mesmo ano, são feitas mudanças na constituição, dando mais poder ao presidente.
Em 2009, o presidente aceitou arrendar 50% da área cultivável do país para uma empresa sul-coreano que acarretaria a expulsão dos camponeses dessas áreas.  Isto gerou uma onda de protestos em todo o país, e os militares cercaram o palácio do presidente na capital Antananarivo. Mesmo não estando presente o presidente Marc Ravalomanana, aceitou sua deposição. O poder passou para uma Junta Militar que nomeou o prefeito da capital, como presidente do governo provisório.
Em 2010, foi aprovada a constituição que permitiu que o presidente ficasse por tempo indeterminado no poder, desde que fosse reeleito por via democrática por 5 anos.
Mesmo com todas essas reviravoltas políticas Madagascar é membro da ONU e da União africana e da SADC (Comunidade para o desenvolvimento da África Austral).
A economia se baseia principalmente na agricultura, mineração e pesca. O produto mais conhecido é a baunilha que é usada no mundo inteiro para dar sabor aos alimentos, sendo que os grãos de baunilha levam pelo menos dois anos para crescer, tornando a baunilha um produto ainda mais caro.
Apesar do alto preço do produto, o povo Malagasy ganha extremamente pouco: cerca de um dólar por dia, Isso é outro fator que leva a 70% da população estar abaixo da linha da pobreza e metade das crianças até 5 anos sofrerem de desnutrição, sendo a corrupção do governo de Didier Ratsiraka, naquele período, a causa principal dessas mazela
Em 2005, foi descoberto petróleo que fará parte da futura economia da Ilha, aliado a uma nova forma de sustentabilidade, denominada de Ecoturismo, visando a minimizar os impactos ambientais.

O motivo do investimento no ecoturismo reside no fato de que a Ilha tem um dos maiores índices de biodiversidade do planeta. Na Ilha existem aproximadamente 200,000 espécies conhecidas, dentre estas 150,000 são endêmicas, contando 50 tipos de lêmures, como Aye-aye, Indri, Verreaux's Sifaka, Lémure de rabo Ring-tailed  e Lémure rato.
 Ocorrem no local mais de 400 espécies de sapos, sendo que 99% deles são endêmicas. Outra curiosidade é que os sapos são os únicos anfíbios da Ilha, a exemplo do Sapo Tomate e Sapo Mantella.
Embora sendo um país de muitas florestas, Madagascar sofre com alguns problemas ambientais relativos ao desmatamento e à destruição de habitats naturais; além da presença constante de. queimadas, degradação do solo e exploração descontrolada de seus recursos ecológicos. Ainda que estejam presentes estes fatores negativos quanto à sua preservação, Madagascar possui uma das maiores biodiversidade do mundo, despertando a atenção dos ecologistas para que se efetivem medidas que visem a preservar este espaço:  verdadeiro patrimônio natural da humanidade!


Vorlei L. Martins
Graduando em História na Universidade Luterana do Brasil - Campus Canoas

Revisão:
Carlos Roberto da Costa Leite
Funcionário e Pesquisador do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa

Referências: